Wednesday, July 04, 2007

Mozart



Caído num mundo que não é o seu, restam entre outras intermédias, duas altenativas ao Homem. Abraçar a sua condição mais primitiva, maximizar as suas experiências mais mundanas, embarcar no mundo dos sentidos ou, segunda opção, procurar perscrutar a voz do espírito, do belo. Nos seus casos mais extremos, a primeira conduz à degradação, à decadência, a segunda, através da mortificação, a um estado último de graça, de aceitação do sofrimento.

Mozart é nesta perspectiva o caso mais intrigante da história da música. Contam as suas biografias que não se privou de uma vida repleta de vinho, festas e mulheres. Ao mesmo tempo porém, compunha a música mais próxima daquela que será a voz dos deuses, de uma beleza imaculada, que nos atiram para o tal sentido do mundo. Não existe nada que se assemelhe à sua obra (talvez em outras artes exista, desconheço essas; mas na música é seguramente caso único). Mozart é o belo feito música, o espírito feito som.

A própria vida de Mozart torna-se assim objecto de verdadeiro fascínio, que se nos apresenta desconcertante, destruídora de todas as certezas.
Fica como proposta o seu Laudate Dominum.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home