Tuesday, January 22, 2008

Dar o braço a torcer

Quem por aqui passa sabe que este blog não morre de amores por Chopin. Hoje dá-se o braço a torcer.

Para quem falha o sentido da sua obra, Chopin identifica-se com o compositor dos namorados, dos "bons" momentos, da música acompanhada de um bom charuto ou whisky. Contudo, se é verdade que Chopin ama intensamente, vive no entanto apartado da felicidade. Será, na melhor das hipóteses, o compositor eternamente apaixonado, mas que ama à distância, desgostosamente. O que existe é tão belo mas ao mesmo tempo tão pouco. Chopin é o compositor melancólico por excelência. É por isso que à sua música associamos o Outono, a personagem que vagueia pelos parques cobertos de folhas caídas, que bailam ao sopro de pequenos redemoinhos. É o compositor da vida que acabou e que não se quer recuperar. Recuperá-la seria corromper-se; felizes são os inconscientes da sua tristeza.

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