Trio Beaux Arts - Shostakovich (continuação)
Uma interpretação muito boa. A alma do trio continua a vir do seu pianista, é por demais evidente. Um senhor que toca como poucos, absolutamente extraordinário. Um exímio controlo das frases, pedal e sentido da relação com os demais elemetos do agrupamento.
Porém , mais do que a interpretação, a surpresa para mim veio mesmo do trio de Shostakovich. Sempre senti um certo fascínio por este compositor, apesar, ou melhor, principalmente, pelo seu tom marcadamente negro. Em Shostakovich nunca encontrei uma réstia de esperança. A sua música parece retirada de uma drama psicológico de Dostoievski, a alegria quando surge é sarcástica, irónica e desemboca numa torrente de violência. Shostakovich é sofrimento e violência, nada resta para além disto... Encontramos estes elementos também em Schubert, é certo, mas entre lágrimas resta espaço para o amor, pela sua procura ou por um final grito de esperança. Assim foi esta terça na Gulbenkian.
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