...possui (Beethoven) o conhecimento do que é a felicidade, a sabedoria e a harmonia, conhecimento que não é encontrado em caminhos perfeitamente planos, que apenas ilumina os caminhos junto ao precipício, fruto que não é colhido com um sorriso na cara, mas antes com lágrimas e quando já se está exausto de sofrimento. Nas suas sinfonias e nos seus quartetos há passagens em que, do meio de uma miséria e de um sentimento de perda infinitamente comovente, há um brilho suave e infantil, uma noção de sentido, uma certeza de redenção. Este tipo de passagens encontro também em Dostoievski.
(De "Gedanken zu Dostojewskis Idiot")
É isto.
No fonógrafo digital deixo-vos um destes momentos de redenção, o terceiro andamento do quarteto opus 132.
Recomendo no entanto a audição integral do quarteto. Em especial do quarto e do último andamento, estão lá claras como água as palavras de Hermann Hesse...