Friday, April 27, 2007

Proposta do Dia



Bach - Paixão de São Mateus
Ton Koopman

Saturday, April 21, 2007

Gosto de ser subsidiado.

Por isso gostava muito da festa da música. Ainda que esta não fizesse muito sentido. Mas ser subsidiado é sempre bom, e eu, gostava.

Não fazia muito sentido porque uma parcela muito significativa dos visitantes do CCB eram já os suspeitos do costume do São Carlos e da Gulbenkian. Perdia assim duplamente significado subsidiar esta plateia. Por um lado não faz sentido a promoção da música clássica junto de um público já frequentador de concertos, por outro, a carteira deste não costuma ressentir-se muito depois da compra do bilhete.

Restava então o público que, de facto, apenas frequentava concertos de música clássica por esta altura do ano. Mas ainda aqui existem problemas, a começar pelo nome do evento, “Festa da Música”. Ora, “Missa em Si menor de Bach” e “Festa” não podem ser conjugadas na mesma frase, é uma impossibilidade. Vejamos, “Ir ver a Missa em Si Menor é uma festa!!”, “Fui a uma festa ouvir a Missa em Si menor de Bach”, não faz sentido!! Já, por exemplo, “Hoje à noite a festa está por conta do Quim Barreiros”, faz sentido, ou então, “O Quim é uma festa!”, também. Se quisermos, a música clássica pode ser vendida como puro entretenimento mas, sinceramente, para isso mais vale a Ivete Sangalo do que a A Canção da Terra de Gustav Mahler. À música clássica está reservado um cantinho, o da reflexão, da transcendência (odeio esta palavra). Quem tentar vender isto como festa está condenado ao fracasso.

Mas ser subsidiado é sempre bom e por isso gostava mesmo muito da festa da música.

Tuesday, April 17, 2007

Proposta do Dia

Down by the Sally Gardens, my love and I did meet.
She passed the Sally Gardens with little snow-white feet.
She bid me take love easy, as the leaves grow on the tree,
But I being young and foolish, and with her did not agree.

In a field down by the river, my love and I did stand
And on my leaning shoulder, she laid her snow-white hand.
She bid me take life easy , as the grass grows on the weirs
But I was young and foolish, and now am full of tears.

Down by the Sally Gardens, my love and I did meet.


Contra-tenor - Andreas Scholl / Guitarra - John Williams

Discoteca Ideal Fonógrafo - A Alternativa Credível (II)

Segundo uma troca de correspondência entre dois dos mais ilustres filhos de Bach, este terá escrito um total de 5 paixões. No entanto, completas, apenas duas chegaram até nós, a de São Mateus e a de São João. Resta ainda uma fragmentada, a de São Marcus, que foi alvo de um trabalho recente de reconstituição por parte de Ton Koopman.
A gravação de Herreweghe é, para mim, sem qualquer sombra de dúvida, a melhor. Os instrumentistas são os melhores, o coro é o melhor, os solistas são os melhores e conta ainda com um bónus: Andreas Scholl.Diga-se de resto que todas as gravações de obras de Bach por este maestro belga são obrigatórias numa discoteca mais cuidada. O único inconveniente é mesmo o preço, 50 Euros.


Alternativa: Quem gosta de coros aos berros, deve optar pela gravação de Karl Richter (Archiv Production).


P.S. Existe uma outra gravação de Herreweghe, um pouco mais antiga, cuidado ao escolher...

Saturday, April 14, 2007

Mais um post da 9ª de Mahler

A música acompanha-me em quase tudo que faço, está comigo desde a preparação do almoço (quando o preparo...) até às horas de estudo na biblioteca. Durante boa parte desse tempo esta serve apenas como elemento de distração, noutros exerce uma espécie de função de isolamento , permitindo uma maior concentração naquilo que estou efectivamente a fazer. Algumas obras porém não pemitem que isso aconteça, forçam a paragem. Assaltam-nos. Transportam-nos à força para um outro mundo qualquer mais belo, pleno (e é tão bom quando assim acontece).
A nona sinfonia de Mahler é uma dessas obras. Apenas recentemente chegou até às minhas mãos a interpretação de Pierre Boulez. É assombrosa. Total domínio dos tempos, da pulsação da música, completa clareza das vozes dos diferentes naipes da orquestra. Pierre Boulez é de facto um grande maestro, um dos maiores, e as suas gravações de Mahler estão aí a dar o seu testemunho.

Thursday, April 12, 2007

Discoteca Ideal Fonógrafo - A Alternativa Credível (I)

Primeira recomendação: jamais comprar algo gravado pelo Glenn Gould se na fotografia do álbum este aparentar ser ainda um jovem. A leitura de referência em piano, descomplexada e honesta, sem protagonismos infantis, do cravo bem temperado de Bach, é a de Sviatoslav Richter.

Excertos no Fonógrafo

Alternativas:
Se tiver a mania, como eu, que é conservador e que as interpretações em cravo são as melhores, então deixo ainda mais duas propostas: Gustav Leonhardt (Harmonia Mundi) e Helmut Walcha (EMI).

Discoteca Ideal Fonógrafo - A Alternativa Credível

Recentemente a Fnac disponibilizou nas suas lojas uma espécie de guia para a música clássica. Apesar de alguns erros, o catalógo até é bom. Procura fugir à tentação da popalhada e das mega-estrelas. Porém, como nisto da música clássica não existe unanimidade, discordo da maioria das recomendações. Decidi assim criar a "Discoteca Ideal Fonógrafo - A Alternativa Credível". Posts para breve.

Monday, April 09, 2007

Depois de Bach

nada está mais próximo do verdadeiro sentido religioso do que a música de Arvo Part.

Thursday, April 05, 2007

Proposta do Dia

Monday, April 02, 2007

Música e Literatura

Trabalha-se mal durante a Primavera, é certo, e porquê? Porque se sente. E porque é obtuso todo aquele que pensa que um criador deve sentir. Cada artista verdadeiro e sincero sorri face à ingenuidade deste erro de amador - melancolicamente, talvez, mas sorri. Pois aquilo que se diz não pode ser nunca o primordial, mas apenas e por si só o material indiferente, a partir do qual o produto estético é construído em superioridade engenhosa e serena. Se a toca demasiado aquilo que tem a dizer e o seu coração bate quente por isso, então pode estar certa de um total fiasco. Tornar-se-á patética, sentimental, algo de pesado, grosseiramente sério, não dominado, nada irónico nem apimentado, chato, banal vai surgir nas suas mãos e nada senão indiferença nas pessoas, nada senão desilusão e lamento em si própria surgirá no fim... Pois é assim, Lisaveta: o sentimento, o quente, efusivo sentimento é sempre banal e inútil, artísticas são apenas as irritações e os gélidos êxtases do nosso perverso siste­ma nervoso de artista. É necessário ser-se algo para lá do humano, algo de desumano, para se ter em relação a tudo o que humano uma posição bastante afastada e não participativa, para estar em condição de, e sobretudo para se ser sequer tentado a jogar com ele, a descrevê-lo desta forma eficaz e com gosto. O talento para o estilo, a forma e a expressão pressu­põe precisamente esta fria e selectiva atitude para com o hu­mano, sim, até um certo empobrecimento e abandono do humano. Pois o sentimento saudável e forte, e isto é que é certo,não tem gosto nenhum. Um artista está acabado se se torna humano e começa a sentir.
de Tonio Kröger ,Thomas Mann.
p.s. O excerto trata sobre a criação artística. Tonio Kröger é escritor.